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Contra a organização

por Giuseppi Ciancabilla (1872 - 1904)

domingo 20 de Junho de 2010

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Não podemos conceber que anarquistas estabeleçam pontos para serem seguidos sistematicamente como dogmas fixos. Porque, apesar da uniformidade sobre as linhas gerais a respeito de táticas a se seguir seja algo assumido, estas táticas podem ser executadas de centenas de maneiras diferentes, com milhares de particularidades variadas.

Contudo, não queremos programas táticos, e consequentemente não queremos organização. Tendo estabelecido o objetivo, o fim que deve ser alcançado, deixaremos cada anarquista livre para escolher os métodos que seus sentidos, sua educação, seu temperamento, seu espirito de luta sugerem. Não formamos grandes ou pequenos partidos. Porém, nos unimos espontaneamente, sem critérios permanentes, de acordo com as afinidades momentâneas para propósitos específicos, e constantemente dissolvemos estes grupos assim que os propósitos pelo qual nos associamos seja cessado, e aparecem outros objetivos e necessidades pelas quais desenvolvemos e buscamos novas colaborações, com pessoas que pensam como nós em circunstancias especificas.
Quando algum de nós deixa de se preocupar pela criação de movimentos fictícios de indivíduos simpatizantes e aqueles de consciência fraca, e se dedica a criar um fermento ativo de idéias que nos faça pensar, como golpes de chicotes, muitas vezes ouve de seus amigos responderem que por muitos anos eles tem se acostumado a outro método de luta , que ele se tornou um individualista, ou um teórico puro do anarquismo.
Não é verdade que nós somos individualistas se tentarmos definir esta palavras em termos de elementos isolados, evitando qualquer associação dentro da comunidade social, e supondo que o indivíduo possa ser suficiente por si mesmo. Porém, apoiamos o desenvolvimento de livres iniciativas do indivíduo, onde esta o anarquista que não quer ser culpado deste tipo de individualismo? Se um anarquista é aquele que aspira a emancipação de todo tipo de moral e autoridade material, como poderia não estar de acordo com a afirmação da própria individualidade, livre de obrigações e influências autoritárias externas, é absolutamente benigno, é a indicação mais clara da consciência anarquista?
Nem somos nós teóricos puros porque acreditamos na eficácia da idéia. Como se decide a ação se não através do pensamento? Agora, produzir e manter um movimento de idéias , é para nós, o método mais efetivo de determinar o curso das ações anarquistas, tanto na luta prática como na luta pela realização do ideal.
Não nos opomos aos organizadores. Vão continuar, se eles gostam, com suas táticas. Se, como eu penso, não pode trazer nada realmente bom, isto não causara nenhum grande dano. Porém me parece que eles tem se retorcido lançando seus choros de alarme e nos discriminando aos nos tacharmos como selvagem ou como sonhadores teóricos.

tradução: Erva Daninha - iniciativa anarquista-verde


Giuseppi Ciancabilla nasceu em 1872 em Roma e faleceu com a idade de 32 anos num hospital de São Francisco, Califórnia.
Aos 18 anos, foi a Grécia para se unir a batalha contra a opressão turca. Atuou como correspondente para o periódico italiano Avanti!, de tendência socialista, porém, no lugar de lutar junto aos voluntários italianos, se uniu a um grupo de combatentes libertários chipriotas que buscavam impulsionar uma insurreição popular através de uma guerra de guerrilha.
Em outubro de 1897, se encontrou com Malatesta a quem entrevistou para o periódico Avanti!. Este encontro e a resposta do líder do PSI (partido socialista italiano) sobre a entrevista, fez com que Ciancaballa abandonasse o partido e se declarasse anarquista. Esta "declaração" apareceu no periódico de Malatesta L’Agitazione em 4 de novembro de 1897.
A escolha de haver se convertido em anarquistas forçou a Ciancaballa e a sua companheira Ersilia Cavedagni, a voltar para Itália. Após um curto período na Suíça e em Bruxelas, Ciancaballa se mudou para a França, onde colaborou com Jean Grave no periódico Les Temps Nouveaux, contudo, os editores se sentiram na necessidade de demonstrar constantemente as suas diferenças com as suas opiniões.
Em 1898, quando as autoridades italianas o considerou como um "anarquista perigoso", Ciancaballa foi expulso da França. Voltou para a Suíça onde tentou se unir a refugiados italianos revolucionários. Foi expulso da Suíça por escrever o artigo "Um Golpe nas fileiras" em defesa de Luigi Luccheni no periódico anarco-comunista L’Agitatore, o qual ele mesmo criou em Neuchatel.
Após um curto período na Inglaterra, decidiu se mudar para os Estados Unidos. Uma vez nos EUA, foi chamado para Patterson, New Jersey, para dirigir um periódico anarquista chamado "A Questão Social". Contudo, devido a uma mudança de suas idéias, rapidamente se encontrou em conflito com o grupo editorial do periódico, que apoiavam os métodos e as idéias organizativas de Malatesta. Em agosto de 1899, Malatesta foi para os EUA e foi encarregado de dirigir o periódico (A Questão Social). Isto permitiu a Ciancabilla e a outros colaboradores a deixar a revista e criar o periódico "A Aurora em West Hoboken". Além de propagar as idéias anarquistas em A Aurora, Ciancabilla se dedicava em traduzir os trabalhos de Grave e Kropotkin. Sua tradução para o italiano de "A Conquista do Pão" de Kropotkin possibilitou voltar a Itália, apesar das dificuldades legais.
O ultimo período de vida de Ciancabilla se passou entre Chicago e São Francisco, onde editou o periódico Protesta Umana, uma revisão do pensamento anarquista.
Ciancabilla foi sempre claro em relação a sua posição anarco-comunista, porém foi igualmente explícito (como Galleani, outro anarquista italiano ativo nos EUA na mesma época) acerca de suas críticas às organizações formais e seu apoio para aqueles que realizavam ações individuais contra os senhores do mundo, pessoas tais como Michele Angiolillo, Gaetano Bresci e Leon Czolgosz.
Em 15 de setembro de 1904, morre na companhia de sua companheira.
O seguinte artigo expressa extensamente suas idéias sobre a organização.